Carta

Eu prometi pra mim mesma e pra muita gente que não pararia de escrever e postar as coisas aqui. O problema é que essa vida corrida não tem ajudado muito meu plano! Então, aproveitando o encanto do dia das mães que, vamos ser sinceros, geralmente dura uma ou duas semanas, decidi postar um texto que nem passava pela minha cabeça vir parar aqui.

É a primeira das cartas que escrevi pros meus filhos. É bem pessoal, então claro que tirei algumas partes, mas ainda não sei se vou me arrepender de postar. Enfim, esperem que gostem.

“Já os amo. Vocês ainda nem pensam em existir, mas essa carta é pra vocês. Pior que isso é bem estranho. Talvez fosse normal se eu fosse, sei lá, casada, nos meus 31, louca pra ter minha família completa, ou quem sabe grávida. Mas fala sério, eu tenho 18, nem no meu país eu estou, e fico pensando em vocês?  A minha mãe, mais conhecida por mim como mãezi, sempre fala de como ela era quando tinha minha idade, mas nunca mata a minha curiosidade, minha vontade de saber como ela realmente pensava, o que ela sentia, quais eram as preocupações dela. Tá aí: que tal escrever uma carta pros meus filhos? (caraca mãe, você não tinha mesmo nada pra fazer né?)

Sabe, eu tenho muitos sonhos e ainda quero fazer muita coisa antes de vocês nascerem, mas não dá pra ignorar o meu instinto materno, é muito forte. Isso as vezes é um saco, porque eu sou muito nova. Penso em coisas como: se eu vier morar em Montreal, meu filhos não terão meus pais e o resto da família por perto e família é, se não a mais, uma das coisas mais importantes na vida. Mas depois percebo que poxa, eu sou tão novinha, não era para estar preocupada em “achar o amor da minha vida” (ou pelo menos pensar nisso), como a maioria das pessoas nessa idade, ao invés de pensar só nos meus futuros filhos?

Mas crianças, eu até consigo imaginar suas mãozinhas pequenas, com aqueles olhinhos dizendo que só a mamãe sabe como te pegar no colo de um jeitinho único. Ou seus dramas adolescentes. Ou buscar vocês ás 4:30 da manhã nas festinhas (sim, já decidi o horário, espero que ainda seja esse, porque 2:00 não é justo, né?). Consigo imaginar até um sorvetinho antes do almoço -dica: usem essa carta pra ganhar sorvete.

Fico me perguntando se serei uma boa mãe, se continuarei “paciente” e de bem com a vida, como sou hoje. Tomara que vocês vejam em mim uma mãe paciente, carinhosa e sábia.

Tenho uma responsabilidade muito grande de ser uma ótima mãe, porque não sei se vocês sabem, mas seus avós foram super pais, e eu ainda com 18 anos acho que fui a filha que mais deu trabalho. Se meus pais me criaram tão perfeitamente, e eu fui capaz de dar trabalho (heheh), imagina os filhos de uma doida como eu?

Então crianças, tô curiosa pra saber se vocês são parecidos comigo. Agora, eu sou uma mistura de jeitos, vontades, problemas e qualidades. Confusa, como sempre. São pensamentos demais, informações demais, sentimentos demais. Só que ao mesmo tempo que sinto esse mar de confusões na minha mente, tô calma. Mas não ter o controle sobre todos os meus sentimentos é uma coisa que me assusta. Sou muito frenética e sociável, mas ao mesmo tempo tranquila: é bem raro me ver brava ou estressada. Sou bem sincera, sincera até demais, as vezes me atrapalho com isso, falo tudo que sinto.

Eu sou bem carinhosa e preocupada com as pessoas que eu gosto, mas ao mesmo tempo eu desapego rápido, quando necessário. Esqueço muito fácil de tudo, o que eu até gosto. Tento ver coisas boas em cada situação. Mas também teimosa, as vezes bem mimada.

Eu só queria deixar um recado pra vocês: A rapadura é doce, mas não é mole não. Escutem a mãe de vocês que ela sabe mais que eu!”

6 comentários sobre “Carta

  1. MARIIIII….sua linda! Ou minha duquesa! Lindo texto, cheio de emoção e com seu toque de inquietude e honestidade! Força e que Deus esteja com você no Canadá 🍁 também! Beijos

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